Brasileiro explica motivo de aceitar dar revanche para rival após ter nocauteado no primeiro round em 2016 e descarta possibilidade de enfrentar o amigo Gilbert Durinho, número 2 da categoria
Quarto colocado do peso-meio-médio (até 77kg), Vicente Luque terá um velho conhecido pela frente na luta principal do UFC do dia 16 de abril, em Las Vegas (EUA). O brasileiro vai enfrentar Belal Muhammad, número 5 da divisão, para tentar se aproximar de uma chance pelo cinturão que pertence a Kamaru Usman. Os dois já se enfrentaram em 2016, e o atleta da Cerrado MMA nocauteou no primeiro round. Confiante em sua trocação, ele espera conseguir manter o confronto em pé mais uma vez, mas acredita que o americano vá tentar amarrá-lo.

Evelyn Rodrigues
- Com certeza prefiro que a gente lute na trocação, mas acho difícil. Até pelo fato de que já o nocauteei na primeira luta, ele sabe do meu perigo na trocação, acho que vai optar pelo jogo de wrestling que é muito forte. Ele dominou o Thompson, ganhou todos os rounds de forma muito decisiva. Imagino uma luta na qual ele vai querer fazer wrestling. Me amarrar na parede ou botar pra baixo e não deixar eu soltar a trocação. Venho treinando muito wrestling, chão, como já treino na carreira inteira, pra poder anular o jogo dele. Vou anular o jogo dele, tentar impor minha trocação, buscar o nocaute e, como venho mostrando nas últimas lutas, tenho perigo grande no chão, tenho finalizações, posso levar perigo ali. Meu estilo vai ser sempre atacar e buscar acabar com a luta. Acho que ele vai tentar anular isso, fazer uma luta mais morna e garantir os pontos - analisou, em entrevista ao podcast "Mundo da Luta".
De acordo com Luque, a evolução de Muhammad desde 2016 faz a estratégia para a revanche ganhar novos ingredientes. Vale lembrar que o americano tem seis vitórias e um "No Contest" (luta sem resultado) nas últimas sete lutas, enquanto o brasileiro vem de quatro resultados positivos seguidos.

- Hoje a estratégia é muito mais complexa. A primeira luta eu peguei faltando duas semanas, não teve muito planejamento, agora é diferente. Tivemos muito tempo de preparação, tenho certeza de que ele estudou muito meu jogo, assim como estudei o dele. Tenho um plano traçado, fiz treinamentos específicos para vários cenários, tanto se ele me amarrar, botar pra baixo, como se quiser surpreender com um jogo de trocação melhorado pra me botar pressão em pé. Vou estar preparado pra isso. Tenho várias cartas na manga e no dia 16 vocês vão ver. Posso prometer muita ação e uma luta bem agressiva. Não sei como vai ser, mas acredito que finalização ou nocaute, não chega nos pontos. Temos cinco rounds, sou um cara muito agressivo, busco as brechas do adversário, então cinco rounds somados ao meu estilo, a luta não vai por pontos. Ou finalização ou nocaute acho que consigo sim.
Vicente também explicou o motivo de aceitar dar a revanche para um adversário que ele nocauteou no primeiro round. O bom momento de Muhammad aliado a falta de opções no topo da divisão ajudaram o brasileiro a dizer sim.
- Sobre a revanche, o que acontece é que agora a categoria até 77kg está mexendo muito, várias lutas acontecendo, vamos ter Durinho x Chimaev nesse sábado, depois tem a possibilidade de Kamaru x Leon Edwards, não tinha muito pra onde ir. Precisava lutar com alguém para continuar buscando a disputa de cinturão. O que fazia sentido nesse momento era lutar com Belal, ele é número 5 do ranking, conseguindo mais uma vitória contra ele, vou chegar mais perto do cinturão e precisava fazer. Não tinha outra opção. Quando essa luta fechou, já tinha Masvidal x Colby fechado, então eles também não eram opções. Acabou acontecendo a revanche. No momento que ela vem, faz sentido, já que ele vem de várias vitórias, eu também, ele é um top da categoria e acho uma luta muito boa.

Neste sábado Gilbert Durinho, segundo colocado dos meio-médios, enfrenta a sensação Khamzat Chimaev, com ambos na expectativa de serem alçados ao posto de próximo desafiante da categoria após Kamaru Usman enfrentar Leon Edwards, que está previsto para acontecer em julho. Como ainda está longe da próxima defesa de cinturão do nigeriano, existe a chance de os principais nomes precisarem fazer mais um confronto antes de sair a decisão de quem lutará pelo título, mas Luque descartou qualquer chance de encarar seu amigo Durinho no UFC.
- Essa luta não acontece. Eu e Durinho não tem como, temos o mesmo empresário (Ali Abdelaziz), ele sabe que essa luta não vai acontecer. O que consigo fazer é ir lá e fazer a melhor luta, garantir um grande espetáculo, conseguir mais uma vitória e isso vai me aproximar mais do cinturão. Daí pra frente não tem muito o que possa controlar. Durinho vencendo talvez não vá direto pro título porque já disputou, talvez eu tivesse a chance se ele vence e eu venço. Tem o Colby, venceu, está pedindo, mas se o Kamaru mantém o cinturão, não acho que fariam a terceira luta agora. Agora, se o Chimaev acaba ganhando, aí acho que o UFC vai empurrar o "hype" dele, botar na frente, mas antes disso tem Leon Edwards e Kamaru. Acho que eu e Chimaev vencendo, a gente luta, tento pegar o "hype" dele e garantir minha disputa de cinturão. Agora é difícil falar o que vai acontecer. Mais importante é entrar no octógono, conquistar uma grande vitória e ver como a categoria vai mexer pra ver meu próximo passo. Com certeza estou de pouco em pouco chegando no cinturão - concluiu.

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