top of page

Um ano em 90 minutos: como o jogo com o Peñarol retratou o decepcionante 2024 do Flamengo

  • Foto do escritor: MDD Sports
    MDD Sports
  • 27 de set. de 2024
  • 4 min de leitura

Um ano em 90 minutos: como o jogo com o Peñarol retratou o decepcionante 2024 do Flamengo


O empate sem gols de Montevidéu decretou que, pelo segundo ano seguido, o balanço final da temporada do Flamengo indicará uma grande frustração. E não será uma eventual conquista Copa do Brasil, o menos importante dos torneios jogados no segundo semestre, capaz de mudar a percepção sobre um 2024 que era promissor.


E tal sensação de desapontamento não tem a ver apenas com a falta de títulos na Libertadores e no Brasileiro. A questão é que, com um terço do torneio nacional por jogar, o Flamengo não se apresenta como um candidato realista. Na Libertadores, um elenco que gerava grandes expectativas jogou mal na maior parte da disputa.

Foto: Eitan ABRAMOVICH / AFP

Jogos que definem a imagem de um ano não podem ser avaliados sem conexão com o restante da caminhada. Eles são como o desfecho do que se fez ou se deixou de fazer. E, no fundo, o 0 a 0 do Uruguai é como um ano jogado em 90 minutos. Cada detalhe do jogo remeteu aos descaminhos rubro-negros ao longo deste 2024.


A começar pelo palco do jogo. Por que a vaga nas semifinais era decidida no Uruguai? Porque a fase de grupos do Flamengo já fora frágil, deixada em segundo plano até pela final do Campeonato Estadual. Mas se o planejamento sempre deixou no ar interrogações sobre as escolhas de prioridades, jogos como a derrota para o Palestino, também na fase inicial da Libertadores, retratavam como era difícil para este Flamengo ter sequências de atuações consistentes, à altura do nível de seus jogadores.


Em Montevidéu, entrou em campo um time com bons nomes, mas cuja possibilidade de classificação não era vista como provável. É complexa a soma de fatores que fez este time, de repente, não parecer favorito contra um esforçado Peñarol. De novo, um reflexo do que fora um ano com raros momentos em que o Flamengo acumulou jogos em que foi realmente bem, cumprindo expectativas justas depositadas sobre o elenco. E, claro, esta é um aspecto em que as críticas à comissão técnica são justas.


Mas logo se veria outros traços do ano traduzidos nas dificuldades do time diante da retranca do Peñarol. E estes impõem dividir as responsabilidades entre a comissão de Tite e a falta de um projeto esportivo no clube, problema crônico do Flamengo.


Tite levou Plata para o lado direito, seu setor preferido, fazendo Gérson partir da esquerda. Bruno Henrique não ficava exatamente no centro do ataque, ocupava um intervalo entre lateral e zagueiro do time uruguaio, numa busca por adaptá-lo a algo mais próximo de suas características. Pela esquerda, Gérson e Alex Sandro alternavam corredor, embora por vezes Bruno Henrique aparecesse por ali e Gérson transitasse pelo meio-campo. A ideia era ter mobilidade, com zonas do ataque sempre ocupadas, mas jogadores alternando estas posições. Arrascaeta, desta vez, vinha buscar o jogo mais atrás, tentando ser mais presente na armação.


No papel, era até possível ver algo promissor naquele primeiro tempo. Mas era também notável como aquele parecia ser um time em formação, testando mecanismos novos para muitos jogadores, alguns deles recém-chegados ou recém-afirmados no time titular. O que se espera ver de um time em fevereiro, acontecia em setembro, na partida mais importante do ano.


E aí é possível falar que Tite não construiu um trabalho consistente ao longo da temporada, mas também culpar os erros de planejamento e os infortúnios. Desde janeiro era previsível que o Flamengo perderia muita gente para a Copa América, mas o clube negligenciou a escassez. A partir de junho, as lesões se sucederam, o setor ofensivo foi mutilado pelas ausências e, só na semana final da janela, o Flamengo foi ao mercado em regime de urgência. Plata e Alex Sandro ainda lutam contra a falta de ritmo e tentam se adaptar ao time; Alcaraz, o mais caro da história do clube, sequer entrou no segundo tempo; Bruno Henrique busca se encaixar numa função que não é sua melhor. E para agrupar tais jogadores, especialmente após o duro golpe da lesão de Pedro, foi preciso mudar quase todos os mecanismos ofensivos. Coletivamente, ali estava um Flamengo que sofria demais.


O jogo escancarava como perder Pedro fora um golpe duro. Porque a bola rondava a área, e um Flamengo projetado para ter um centroavante não conseguia agredir. Era outro momento em que o jogo parecia o ponto final de uma caminhada mal conduzida. Quando ficou claro que Gabigol viveria em 2024 os últimos meses de uma relação que agonizava, o clube buscou Carlinhos, até aqui uma alternativa insuficiente para as ambições do clube: no Uruguai, permaneceu no banco durante os 90 minutos. É evidente que o Flamengo teve pouca sorte, com um número de perdas sem paralelo a partir do meio do ano. Mas o clube tampouco ajudou a própria sorte. É justo cobrar que a comissão técnica fizesse este Flamengo jogar melhor, mas o trabalho, em dado momento, tornou-se menos fácil do que se julga.


O Flamengo do segundo tempo piorou. Difícil dizer se o recurso a Gabigol foi uma aposta na mística ou no mais próximo de um centroavante que Tite tinha no banco. Mas uma opção do treinador surpreendeu: no lugar de aproximar Gabigol e Bruno Henrique, este último passou a jogar aberto na esquerda. Com poucos recursos enquanto o relógio corria rumo ao fim do jogo, o Flamengo acumulou cruzamentos sem que Bruno Henrique, talvez seu homem mais apto às disputas aéreas, estivesse na área. Para piorar, outro efeito do difícil pós-Copa América do Flamengo se manifestava. Desde a volta do torneio sul-americano, Arrascaeta e De La Cruz jamais retomaram a melhor forma. Este último, jogava especialmente mal.


Para fechar o jogo que retratava um ano em 90 minutos, foi de Matheus Gonçalves o melhor passe para finalização da equipe. O que fez lembrar como foi tímido o aproveitamento de jovens ao longo do ano.


Quando terminou o jogo, foi como se junto com ele terminasse um ano decepcionante. Se for vencida, a Copa do Brasil parecerá um prêmio de consolação, mas 2024 jamais deixará de ser visto como outro ano em que o Flamengo gerou mais expectativas do que futebol.


Fonte;ge.globo


Comments


logo mdd sports novo.png


Rua Três Bandeirantes, 8 - sala 7,  Centro São Sebastião - SP

MDDSports - 2016 - 2022 - Desenvolvido por Victor Lanzilote

bottom of page