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UFC: Fim de uma era José Aldo anuncia aposentadoria


Foto por Jeff Bottari/Zuffa LLC

Os adversários de José Aldo nunca se esquecerão seus chutes duros feito madeira nas pernas, de seus socos afiados no rosto ou de sua vontade inabalável de vencer. José Aldo se aposentou ontem do esporte como o melhor peso-pena de todos os tempos e um ícone em seu país natal, o Brasil.

Eu vou me lembrar de seu sorriso.

Tivemos vislumbres de Aldo mostrando aquele sorriso de orelha a orelha em vários momentos ao longo dos anos, e quando ele o fez, iluminou todo o ambiente. Você pode vê-lo na foto que ele compartilhou com seu colega de longa data Renan Barão, quando os dois visitaram a cidade de Nova York antes de suas lutas pelo cinturão no UFC 169, no Prudential Center, em 2014.

A dupla de destaque da Nova União tinha motivos para estar feliz. Não só eram as estrelas do espetáculo, mas eles conseguiram. Ultrapassando os tempos difíceis, ultrapassando todas as lutas difíceis, longos vôos e momentos em que tinham que questionar se alguma vez chegariam ao topo da montanha do MMA.


Foto por Jeff Bottari/Zuffa LLC

Eu me lembro de Aldo me contando sobre tais momentos antes de sua luta em junho de 2008, contra Alexandre Nogueira. Ele estava estreando no WEC, uma promessa com cartel de 10-1 que era conhecido pelos fãs mais assíduos de MMA, mas desconhecido da maioria daqueles que compareceram à Sacramento's Arco Arena para assistir à mega-luta entre o futuro rival Urijah Faber e o ex-campeão do UFC, Jens Pulver. Ele fez o segundo combate do card naquela noite, mas estava feliz por estar em qualquer lugar que ajudasse a levar sua carreira adiante.


"Foram tempos difíceis", disse ele. Aldo já havia deixado tudo para trás em sua terra natal, Manaus, para treinar com André Pederneiras na Nova União, no Rio de Janeiro. A luta contra Nogueira era o bilhete de entrada do jovem de 21 anos, pois na época não havia o peso-pena no UFC. Se vencesse, o futuro seria muito diferente do que era antes. Perder não era uma opção.


"Eu precisava chegar onde estou agora e eu queria isso mais do que ninguém", disse Aldo, que nocauteou seu compatriota no 2° round e correu para pular no topo do cage do WEC em comemoração. Ele então deu um mortal para fora do cage. Houve uma leve expressão de felicidade, mas nenhum sorriso. Ainda não. Ainda havia trabalho a ser feito, e ele o fez melhor do que qualquer um que pesava 65,7 kg.


Depois de mais três nocautes no WEC, ele enfrentou Cub Swanson em junho de 2009, terminando o combate em oito segundos, sem erro de digitação.

Cinco meses depois, ele foi o campeão peso-pena do WEC tirando o cinturão de Mike Brown, e depois veio uma punitiva vitória de cinco rounds sobre Faber na maior luta da história do WEC. Ele ainda fez uma última defesa de título contra Manny Gamburyan antes de ser nomeado o primeiro campeão de peso-pena na história do UFC, pois a organização trouxe lutadores do WEC e lançou as categorias peso-pena e peso-galo.


Aldo tinha chegado, e quando veio a Nova York para a coletiva de imprensa do evento mencionado acima, ele tinha defendido com sucesso a sua coroa por cinco vezes, vencendo Mark Hominick, Kenny Florian, Chad Mendes, Frankie Edgar e Chan Sung Jung.

Suas habilidades eram obviamente de elite, mas foi sua mentalidade que o manteve no topo.

"Continuo sonhando como eles", ele me disse antes da luta contra Lamas, quando foi perguntado como ele lutou feito um desafiante faminto pelo título ao invés de um campeão seguro (e talvez complacente) em todas as noites.


O sonho nunca morreu para Aldo. Ele perderia seu título para Conor McGregor em 2015, em uma luta que cativou os fãs dentro e fora do esporte, mas enquanto uma derrota tão amarga poderia fazer com que qualquer um tirasse o pé do acelerador ou perdesse seu amor pelo esporte, Aldo recuperou seu título e depois se recuperou de dolorosas derrotas para deixar os fãs com uma impressão duradoura sobre sua grandeza durante uma sequência de três vitórias no peso-galo, onde superou Marlon Vera, Pedro Munhoz e Rob Font em sucessão. Ele não era o mesmo lutador com seus 30 e poucos anos que era quando tinha 21, mas em sua mente ele era, e esse apetite nunca desapareceu. Ele ajustou suas táticas e completou seu conjunto de habilidades quando a idade bateu na porta, e como ele contava com a coragem e seu QI de luta, ele mostrou que era um atleta único, do tipo que não voltaremos a ver tão cedo.


"Quando você deixa sua família, amigos e todos os outros para trás, e você começa a procurar fazer algo para construir seu sonho, é realmente um tiro no escuro", disse Aldo quando falei com ele e Barão naquela tarde, na Grande Maçã. "Então nós sempre pensamos sobre isso. Queríamos melhorar nossas vidas de alguma forma e ajudar nossa família e nossos pais, e esse não é apenas meu sonho, mas o sonho de Renan e de todos os outros que estão no jogo".


José Aldo viveu o sonho. Agora ele pode sorrir muito mais sobre isso.



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