Atleta da Chute Boxe/Diego Lima, lutador comemorou o bônus de "Luta da Noite" na vitória contra John Castañeda no último sábado e exaltou os treinos com Charles do Bronx, que ele diz servir de exemplo para a equipe
A vitória de Daniel Willycat no último sábado contra John Castañeda no UFC Dern x Yan rendeu ao atleta o bônus de "Luta da Noite". O brasileiro impressionou pela resistência após ser castigado no primeiro round e sofrer dois knockdowns. Na volta para o segundo assalto, ele inverteu a situação e conseguiu o nocaute, mas admitiu que apanhou como jamais aconteceu em sua carreira antes e quer evitar passar por esta situação novamente.
Foto: Getty Images
- Quando acabou a luta, já sabia que o bônus era meu. Pra ser muito sincero, viajei pra Vegas sabendo que ia ganhar o bônus. Fui com essa mentalidade de fazer a melhor luta da noite. Sempre entro pra fazer a melhor luta. Consequentemente o bônus virá a vitória virá. Às vezes a gente aprende, como foi na minha primeira luta. Aprendi muito nessa também, mesmo com a vitória. Mas nunca mais quero passar por isso de tomar canelada na cara, knockdown. É "da hora" mostrar pro público que tenho coração, mas está bom já, já foi. O que nunca tinha apanhado na vida, apanhei nessa luta aí. Já está de bom tamanho - contou, ao Combate.com.
Pela forma que venceu Castañeda, Willycat acredita que passará a ser um nome evitado pelos lutadores da divisão dos galos (até 61kg), mas reconheceu que precisa corrigir os erros que cometeu no primeiro round no último sábado.
- Fiquei muito feliz com o resultado da luta. Acho que todo atleta sonha com isso, fazer uma grande luta, colocar seu nome na história da organização. Foi uma das maiores reviravoltas do ano e vai ficar marcado por muitos anos. No desempenho, cometi erros técnicos, dei algumas brechas no primeiro round, mas meu coração é grande e soube dar a volta por cima para ganhar a luta. Mostra pra quem está me menosprezando que não sou mais um. Sou um cara que merece respeito. Vim para estar no topo da divisão, ganhei de um grande nome, John Castañeda vinha de duas vitórias importantíssimas. Da forma que ganhei, mostrando que passei por adversidade e voltei, mostra pros caras que é tempo ruim o tempo todo, sempre vai ser guerra e com certeza vai ter muito cara que vai evitar lutar comigo.
Ao analisar os erros cometidos, Willycat disse que precisa manter sua guarda mais alta, pois crê que seus próximos oponentes vão apostar no chute alto para buscar o nocaute contra ele.
- Errei na guarda baixa. Talvez tenha entrado muito relaxado. Entrei com a mão um pouco baixa. Não me surpreendeu que a luta seria dura, já esperava adversário duro, ele é um cara com bastante luta, bastante vitória, experiente, merecia respeito. Fui para lutar cinco rounds, estava fisicamente pronto pra lutar contra o campeão. Até o momento da canelada, estava vencendo o round. Comecei impondo o ritmo da luta e sempre vai ser assim. Coloquei pra baixo, mesmo ele pegando meu pescoço ali na guilhotina, que defendi muito bem. Se não entrasse a canelada, com certeza o resultado do primeiro round seria meu. Minha mão direita estava baixa. Meus próximos adversários vão querer chutar minha cabeça do lado direito porque é o terceiro chute que entra. Contra o (Julio) Arce também tomei um chute no primeiro round em cima dessa mão. É subir um pouco essa guarda e entrar mais atento no início da luta.
Quando o primeiro round da luta terminou, Willycat parecia prestes a ser nocauteado a qualquer momento, mas retornou com outra postura no octógono e se impôs na trocação. Segundo ele, mérito de seus treinadores, em especial Diego Lima, líder da equipe.
- Assim que voltei, voltei muito consciente. Em hora nenhuma fiquei grogue por muito tempo quando tomei os golpes. Foi muito rápido o poder de absorção. Voltei tentando entender. Já sabia que não estava conseguindo ver o chute dele. Vinha de muito baixo. Geralmente o chute não vem na diagonal, ele vem em arco. O chute dele me surpreendeu porque ele fintou o direto e chutou na diagonal. Tanto que, quando tomei o chute, tiro a cabeça da mão dele um pouco e aí o chute entra. Tentei entender e falei pro Diego (Lima, treinador): "Não estou vendo o chute dele". Aí o Lima falou: "Calma". O meu córner foi decisivo, mérito total pra eles. Os caras souberam ler, manter a calma e me voltaram muito bem pra luta. Lima falou: "Você está no raio de ação dele, está com a mão baixa. Sobe mais a mão, finta mais e mexe mais a cabeça". Foi isso que fiz. Única coisa que mudou foi subir minha guarda e mexer mais a cabeça. Mais nada.
Exemplo de Charles do Bronx e foco no UFC Rio
A atuação de Daniel Willycat lembrou as últimas performances de seu companheiro de equipe Charles do Bronx, ex-campeão do peso-leve (até 70kg), que sofreu knockdowns em suas últimas lutas, mas nocauteou ou finalizou seus três oponentes mais recentes. Segundo Willycat, é algo cultural na Chute Boxe/Diego Lima esta capacidade de superar momentos difíceis dentro de um combate.
- Mente de campeão. A diferença do nosso time pros demais é a união da nossa equipe. Estamos focados na mesma coisa, a gente quer se ajudar, a gente se alimenta da mesma filosofia de vida. Leão anda com leão, campeão anda com campeão. Essa é a diferença da nossa equipe pras demais. Você treina com o melhor do mundo, você vê o melhor do mundo passar por adversidades durante a luta, eu não poderia tomar um golpe e me encolher. Isso foge da essência da nossa academia. Esse é o diferencial da Chute Boxe. As pessoas confundem a Chute Boxe como uma escola muito agressiva. A gente também é, mas a gente também é muito coração. Você nunca vai ver alguém legítimo da Chute Boxe se encolher, desistir da luta porque está dura.
Depois de vencer pela primeira vez no Ultimate, Willycat agora sonha ser escalado para o card do Rio de Janeiro, no UFC 283, marcado para o dia 21 de janeiro. E ele desafiou o número 14 dos galos, Adrian Yañez.
- Queria muito lutar no UFC Rio, seria um sonho. É algo que sempre quis desde moleque. Comecei a treinar devido a uma luta do Anderson Silva no UFC Rio, então poder estar num card desse, num evento que me fez ingressar na luta, seria um sonho. Tenho até um nome sim. É um cara que era pra gente ter lutado uma vez em 2015, não rolou porque meu visto não saiu no Legacy, que é o Adrian Yañez. Um cara da trocação, que gosta de luta em pé e tenho certeza que seria grande luta. A gente ia chocar o mundo e mais uma vez fazer a luta da noite do evento - concluiu.
コメント