Warriors têm uma das melhores campanhas em casa, mas a pior da NBA fora dos seus domínios
O astro Stephen Curry retornou aos treinos e deve voltar aos jogos do Golden State Warriors nesta terça-feira, depois de 26 dias de afastamento por uma lesão no ombro esquerdo. Um Phoenix Suns que cai pelas tabelas - e ainda desfalcado de Devin Booker e Chris Paul - é o adversário ideal, mas o local do duelo talvez seja a melhor notícia para o armador.
Até a última semana, os Warriors tinham a melhor campanha da NBA dentro de casa (17-2). Nada de extraordinário para os atuais campeões, que retomaram a dinastia da última década com o quarto título em 2022. Nas arenas rivais, porém, eram e continuam a ser três vitórias e 16 derrotas. É o pior desempenho entre os 30 times.
Jamais, na história da liga, a assimetria foi tamanha. A dupla personalidade gerou piadas e memes nas redes sociais, como as comparações com a trama de O Médico e o Monstro, obra do escocês Robert Louis Stevenson. Dentro de quadra, virou um desafio para a consagrada comissão técnica liderada por Steve Kerr.
Foto: Reuters
- O que nos falta é disposição coletiva. Estamos jogando uma partida de Drew League [liga amadora] neste momento. Sempre tive a sensação de que o jogo te recompensa se você está comprometido, se competimos juntos. As bolas entram, os árbitros acertam, ganhamos os lances divididos. Não estamos levando nada dessas coisas. É por isso que não ganhamos fora de casa. É um jogo fortuito - afirmara um atônito Kerr em 16 de novembro, após a derrota para o Phoenix Suns, a oitava nos primeiros oito duelos na estrada.
Nas derrotas fora de casa, nossa defesa tem sido ruim. Por algum motivo, as estatísticas são dramáticas. Nossa defesa é ótima em casa e péssima fora. Temos que resolver isso.
— Steve Kerr, após revés para os Bucks em 13 de dezembro (campanha de 2-12 até então)
- Nas derrotas fora de casa, nossa defesa tem sido ruim. Por algum motivo, as estatísticas são dramáticas. Nossa defesa é ótima em casa e péssima fora. Temos que resolver isso - disse o técnico em 13 de dezembro, depois do revés diante dos Bucks em Milwaukee, que levou o recorde fora de casa para 2-12.
É o que, de fato, mostram os dados. Nos 21 jogos dentro de casa, os Warriors permitiram 107,4 pontos a cada 100 posses de bola. É a quarta melhor defesa da NBA. Já nos 19 duelos na estrada, são 120,1 pontos a cada 100 posses de bola, o segundo pior rendimento da liga. O ataque não demonstra tanta discrepância: 15º em casa (114,4) e 20º fora de casa (110,4).
Os números mostram ainda um aproveitamento de arremessos de três pontos dos adversários dramaticamente distinto dentro e fora de San Francisco. Fora de casa, 41,2% de acertos (segundo maior da NBA). Nos seus domínios, os Warriors permitem apenas 30,7% de acertos - é o melhor rendimento da liga. No garrafão, a defesa de Golden State é levemente superior fora de casa.
Visto jogo a jogo, Golden State sofreu enxurradas impiedosas, de mais de 20 pontos de diferença, em quatro oportunidades. Perdeu com diferenças entre 11 e 20 pontos outras quatro vezes. Entre seis e 10 pontos, cinco vezes. Por cinco pontos ou menos, foram três derrotas. É seguro afirmar que o time foi derrotado em jogos decididos no último quarto em, no mínimo, metade das ocasiões.
Os desfalques dos astros Stephen Curry (sete jogos ausente fora de casa, com 1-6), Klay Thompson (0-5), Andrew Wiggins (1-8) e Draymond Green (0-4) não explicam, individualmente, o rendimento tétrico. Mas ausências combinadas foram, decerto, fatores primordiais para derrotas. Vale lembrar que Jordan Poole não perdeu jogos até o momento.
A inexperiência e decepção em termos de evolução da maior parte do elenco de apoio, mais jovem e menos qualificado que na última temporada, é outro dos argumentos na mesa. Jogadores como James Wiseman, Jonathan Kuminga e Moses Moody ainda não deram o passo à frente esperado, e os calouros Patrick Baldwin Jr. e Ryan Rollins pouco ganham oportunidades.
Veteranos como Donte DiVincenzo e JaMychal Green fazem seus (reduzidos) papeis em quadra, mas Steve Kerr teve de apostar bons minutos em dois jogadores “two way”, ou seja, que têm contratos para disputa da NBA e da liga de desenvolvimento. Ty Jerome e Anthony Lamb aproveitam as oportunidades, mas, ao mesmo tempo, são símbolos das carências do time.
- Estou pontuando bem, tentando ser eficiente e vou continuar a fazer isso. Mas tem uma mentalidade coletiva ao redor de como eu preciso ajudar todo mundo a estar com a cabeça no lugar para tentar vencer. Estou pronto para o desafio de descobrir como faz - afirmou Stephen Curry em 16 de novembro, após anotar 50 pontos e perder para os Suns em Phoenix.
É um fracasso nesse momento, para dizer a verdade. Temos que entender que vai ser muito difícil sair da situação em que estamos, porque há muitos problemas
— Curry, que tem média de 30 pontos por duelo, retorna após 11 jogos de ausência (6-5)
- Estou pronto para o desafio de descobrir como faz. É um fracasso nesse momento, para dizer a verdade. Temos que entender que vai ser muito difícil sair da situação em que estamos, porque há muitos problemas - completou o astro, que retorna às quadras nesta terça, após 11 jogos de ausência (6-5), com média de 30 pontos por duelo.
Os problemas encontrados na estrada foram transportados para dentro de casa nos dois últimos encontros, duas derrotas para times em reconstrução: Orlando Magic e Detroit Pistons. Curry e Wiggins não atuaram, mas também estavam fora quando o time venceu cinco seguidas em casa na virada do ano. A dupla personalidade pode estar com os dias contados se a saúde dos astros permitir.
- No início da temporada, ganhávamos jogos com fluxo constante, pontuando muito. Ultimamente, mostramos que podemos ganhar de diferentes formas. Isso deu confiança ao grupo. Estamos começando a achar nossa identidade - analisou o pivô titular Kevon Looney nos primeiros dias de 2023.
Fonte;ge.globo
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