Decisivo no penta, Rivaldo diz que é grato a Felipão, mas quase abandonou Seleção porque não tinha confirmação de que seria escalado: "Eu pensava: pelo amor de Deus, não me deixe fora"
Rivaldo construiu-se como nome decisivo e uma das principais estrelas do Brasil na conquista do pentacampeonato mundial, em 2002, mas o que poucos sabem é que o pernambucano quase abandonou a seleção pouco antes da Copa do Mundo.
– Eu dizia: "Acho que o Felipão não vai me colocar. Se ele não me colocar, eu vou embora" - revela o ex-atleta, em entrevista ao Palmeiras Cast.
A conversa de Rivaldo foi por telefone e com Carlito Arini, que por muitos anos trabalhou como empresário do atleta e foi quem precisou absorver o susto com a notícia.

— Foto: Matthew Ashton/EMPICS via Getty Images
– A gente se falava muito e ele virou para mim, disse: "Estou voltando pro Brasil, não vou jogar a Copa". Eu falei: "Você machucou?" e ele: "Não, não. Se amanhã ele (Felipão) não me colocar, eu pego minhas coisas e vou embora" - conta Carlito, também em participação no podcast.
– Se você não conhece a pessoa, fala: "ah está blefando". Mas eu sabia que ele ia embora. Já pensei: depois de amanhã vou buscar no aeroporto - completa.
Ex-Palmeiras, São Paulo, Corinthians, Barcelona e outros 10 clubes ao longo da carreira, Rivaldo conta que a postura na época aconteceu por receio de ficar fora da Copa do Mundo - especialmente após voltar de lesão e ainda por ter perdido o Mundial anterior, em 1998, para a França.
– Sou grato ao Felipão por tudo que ele fez, ter me levado para a Copa do Mundo, machucado e tal. Mas estava recuperando, tinha feito o jogo da Malásia, estava na semana do jogo e ele não dizia o time que ia jogar. Dizia alguns e eu... colocava Denilson, um, outro, me tirava. Jogador gosta de estar confirmado logo para concentrar – conta Rivaldo, com um sorriso no rosto.
– Foi pelo momento. Talvez não teria feito, não sei. Mas perder a Copa como perdeu, ter a oportunidade de jogar, vir com tudo, se recuperar. Eu digo: não, pelo amor de Deus, não me deixe fora não.
A preocupação, aliás, existe por conta de como Rivaldo enxerga a trajetória de um jogador na Copa do Mundo. Na época, eram sete jogos até a final, e na visão do atacante o atleta precisa atuar em seus 100% e desde a partida de estreia.
– Como vim de uma Copa perdida, fui para 2002 machucado, então você diz: Eu tenho que jogar o primeiro jogo e jogar bem.
– Eu me escalei na Copa pelo jogo contra a Turquia, fiz o gol de pênalti, dei o passe pro Ronaldo e pronto. Porque um jogo mais ou menos, a imprensa derruba. Aconteceu com o Giovanni. Não fez nada para ser substituído e não jogar mais nada, mas foi para a Copa para 45 minutos, de titular a não jogar mais um minuto - finaliza
Rivaldo, no final das contas, permaneceu para a Copa do Mundo, estreou contra a Turquia - decretando a vitória de virada em uma cobrança de pênalti, por 2 a 1 - e foi decisivo com cinco gols na campanha do título, além de ter sido eleito o segundo melhor da competição - atrás somente do goleiro Oliver Kahn. Trajetória que ficou na memória - e que o atacante sempre faz questão de lembrar.
Fonte;ge.globo

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