Fifa pretende fazer grande Mundial de Clubes, mas não é simples adequar o calendário

Imagem;Divulgação
Pitso Mosiname foi arrogante ao dizer a um amigo que poderia engolir o Palmeiras. Foi também duro nas críticas ao fato de os sul-americanos terem a vantagem de jogar a semifinal. "Qual o critério?" Ora, tradição. São 26 títulos mundiais da América do Sul e apenas duas finais da África. Mas tradição não pode ser levada em conta na montagem de uma tabela. A questão é outra e não envolve os campeões da Libertadores, mas os vencedores da Champions League.

A Fifa deseja, há tempos, promover um grande Mundial de Clubes. Em 2001, houve sorteio dos grupos e montagem de tabela. Aconteceria na Espanha entre julho e agosto. O grupo A teria Boca Juniors, La Coruña, Wollongong, da Austrália, e Zamalek, do Egito. O B seria jogado no estádio Vicente Calderón, entre Palmeiras, Olimpia de Honduras, Galatasaray e Al Hilal. O C teria o Real Madrid, Hearts of Oak, de Gana, Jubilo Iwata, do Japão, e Los Angeles Galaxy, dos Estados Unidos.
Cada um dos três clubes europeus teria cinco jogos a cumprir, para ser o vencedor. Acontece que a ISL, organizadora do torneio, quebrou. O Mundial foi desmarcado e só voltou a acontecer em dezembro de 2005, com apenas dois jogos para os europeus. Porque é muito mais difícil driblar o calendário das competições da Europa. Natural.
"Em 2000, havia um torneio experimental. O campeão da Libertadores jogando no Rio e o campeão do país sede em São Paulo. Eram Vasco e Corinthians. Nós não tínhamos força para mudar este cenário, mas tínhamos força para ter duas chances de ganhar o Mundial. Jogar contra o Manchester United, no Japão, e disputar a segunda edição, na Espanha", lembra Mustafá Contursi, presidente palmeirense da época. "Diziam que o Corinthians jogou no nosso lugar, as foi o Vasco, por uma questão de organização da competição, um clube jogando no Rio e outro em São Paulo", recorda-se o ex-presidente.

O desenho de 2001 era o mais justo. Mesmo o de 2000, em que o campeão disputou quatro partidas. Acontece que os europeus não têm quatro ou cinco datas disponíveis. Por isso, o Mundial passou a colocar dois clubes diretamente nas semifinais, o que evidencia desequilíbrio técnico, como disseram Pitso Mousimane e Leonardo Jardim.
A solução é montar um torneio com dois grupos de quatro ou um Mundial maior. O problema seguirá sendo político. Não interessa à Uefa, nem aos clubes da Europa fazer o torneio menos lucrativo do que a Champions League ter espaço maior no calendário. O cenário passa a ser o boicote. Se os africanos, sul-americanos, centro-americanos e asiáticos entenderem que não é justo, basta não viajar e não jogar.
Foi assim que a primeira versão da Copa Intercontinental, disputada em partidas de ida e volta, deixou de existir. Ajax (1971 e 1973), Bayern (1974 e 1975), Liverpool (1977 e 1978), Nottingham Forest (1979) resolveram não disputar. Foi a razão de a Toyota assumir o torneio entre 1980 e 2004.
A reforma é tão necessária, quanto improvável.
Fonte;https://ge.globo.com/

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