PP Fernandes tem um filho autista e recentemente descobriu também estar no espectro autista
É fato que as pessoas com o Transtorno do Espectro Autista (TEA) ainda sofrem com muitos preconceitos e são alvos de muitos charlatães mundo afora, além, é claro, das fake news que inundam a internet e as mídias sociais atualmente. Por isso, a importância do dia 2 de abril cresce a cada ano: o Dia Internacional da Conscientização sobre o Autismo foi estabelecido em 2007 com o objetivo de difundir informações e, com isso, reduzir a discriminação e o preconceito que cercam as pessoas com TEA. E por isso, representatividade é muito importante. O que aumenta a importância da decisão tomada e da atitude do mato-grossense Pedro Paulo Fernandes, de 37 anos, piloto e dono de equipe na Copa Truck.
Foto;Rafa Catelan
Piloto da categoria de caminhões desde 2018, PP Fernandes começou a se engajar pela causa após Miguel, seu filho mais velho, ter sido diagnosticado no espectro autista. Desde então, o piloto adotou em seus layouts de capacete e caminhão as cores e o símbolo do autismo (o infinito colorido) e o site www.autistacomorgulho.com.br, estampado do vidro frontal do Mercedes-Benz #29 usado por ele na categoria. No último ano, PP decidiu passar por uma avaliação neuropsicológica, onde ficou confirmado que ele também está no espectro autista ou TEA - motivo mais que suficiente para vestir a camisa de vez.
- Atualmente me encontro no nível 1 de suporte dentro do TEA, mas esta condição não me impede de ter uma rotina como outra qualquer, claro, mas com algumas demandas mais específicas. E, além disso, vemos muitas informações desencontradas e muito preconceito sobre o tema. Nosso objetivo é desmistificar isso e trazer informações com embasamento - disse Pedro Paulo Fernandes.
PP Fernandes é o primeiro piloto de uma categoria nacional brasileira a assumir que tem o TEA. Há alguns anos, o kartista Dimitry Fernandes Kalinowski foi alvo de algumas matérias na imprensa como o primeiro piloto autista registrado na Confederação Brasileira de Automobilismo (CBA). Mas a representatividade no esporte ainda é muito reduzida. São poucos os casos. Esposa de Pedro Paulo e administradora da equipe PP Motorsport, Patricia Vieira assumiu essa causa como um desafio pessoal.
- Todos os dias, na internet, muitas pessoas causam um grande desserviço tratando o autismo de forma pejorativa, preconceituosa e capacitista, algumas vezes até de forma absurda. E sentimos isso na nossa pele. Se a gente conseguir conscientizar e informar com qualidade cerca de 10% das pessoas que forem ao autódromo ou assistem às corridas, já será uma grande vitória - disse Patrícia.
Desde o ano passado, a equipe vem usando o automobilismo como uma forma de aproximar os fãs autistas do esporte - que assusta a muitos pelo tamanho, barulho e velocidade. Ainda mais em uma categoria como a Copa Truck, com caminhões de 4,8 toneladas que passam dos 230 km/h.
- Tivemos o privilégio de receber em Londrina um rapaz chamado Marcelo e sua acompanhante nos boxes em 2022. Extremamente atencioso e hiperfocado em automobilismo e na Copa Truck, ficou encantado com tudo, o que mostrou que estamos fazendo a coisa certa. Nossa ideia é nunca mais deixar de lutar pela causa, até mesmo porque o autismo é uma condição permanente - completou PP Fernandes.
Fonte;ge.globo
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