Último brasileiro na elite do automobilismo foi Felipe Massa, aposentado em 2017; relação de Hamilton com Ayrton Senna e o país impulsiona público de Interlagos
O proprietário de Interlagos, no papel, é fácil de cravar: a prefeitura da cidade de São Paulo. Nas arquibancadas, a história é diferente. Terceiro país no ranking de mais títulos na história da F1, o Brasil vive uma lacuna na categoria desde 2018. Há quase seis temporadas completas, o país não tem um piloto no grid titular da elite do automobilismo; o último foi Felipe Massa, aposentado ao fim de 2017. Desde então, os torcedores nas arquibancadas do Autódromo José Carlos Pace buscam um substituto para o posto de "xodó". O ge.globo tirou a dúvida por diversos setores da pista paulistana.
- É muito nítido o favoritismo. A gente consegue ver a diferença para uma RBR passando, uma Ferrari e a Mercedes. É óbvio que todo mundo aqui tem sua torcida, mas é engraçado ver que apesar da galera ser de diferentes regiões do Brasil, é todo mundo do mesmo lugar, como se o Brasil fosse uma cidade só. E o Hamilton também é nosso. (...) O dono de Interlagos é Ayrton Senna, ele é o fundador, pioneiro, primeiro presidente. Mas o Hamilton tá tentando chegar aí como um vice-presidente. Agora falta o carro entregar essa vice-presidência - opinou a torcedora Cecília Fernandes, que veio de Goiânia (GO).
Foto: Clive Mason
A chegada do britânico em qualquer setor do traçado, na maioria dos casos, é fácil de antecipar. Ao menor sinal do heptacampeão no horizonte, é comum ouvir um aumento no volume dos gritos vindos das arquibancadas.
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A relação nem sempre foi assim, e Lewis declarou ter se sentido "inimigo público" do país após o título de 2008, conquistado justamente sobre Massa. Mas o britânico, impulsionado pela idolatria ao tricampeão Ayrton Senna, foi lentamente se aproximando da torcida por meio de exaltações ao país. Em 2022, o vínculo atingiu o ápice quando Lewis recebeu a cidadania brasileira honorária, um ano depois de corrida épica em São Paulo em que emulou o ídolo tricampeão.
- O Verstappen dá azar aqui, sempre dá azar. Vai ter bandeira brasileira no pódio. A recepção pro Hamilton é enorme. Tem uns torcedores (do Verstappen). Aumentou, mas a galera fala mal - completou Diego Ribeiro Borsoi, de Vitória (ES).
A torcida do tricampeão da RBR, vencedor da corrida sprint e pole position do GP deste domingo, também se faz presente. Perguntados sobre o dono de Interlagos, alguns torcedores do time taurino preferiram ficar em silêncio; outros apontaram a preferência pelo holandês. Max tem um único triunfo na pista de Interlagos, conquistado em 2019.
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- O pessoal da Mercedes tá bem mais na deles, e a torcida do Max mostra para que veio. O pessoal, quando o Max passa, é emoção, aquela alegria de ver o tricampeão correndo na sua casa, na sua frente. É indescritível, o povo vai à loucura mesmo, grita, canta. É pura felicidade e alegria. O dono mesmo de Interlagos é Ayrton Senna. Mas aqui, neste ano, vai ser Max Verstappen - alegou Victor Hugo Batista, de Curitiba (PR).
Em comparação ao ano passado, o setor A de Interlagos apresenta um panorama mais dividido entre fãs da Mercedes e da RBR. No setor G, a maioria dos presentes questionados pela reportagem segue fiel a Hamilton.
- Tá bastante diversificada, tem muita gente torcendo pro Max, pro Lewis por causa do título de cidadão honorário brasileiro, por tudo que ele fez aqui quando ganhou do Max (em 2021), e tem também outras pessoas torcendo para Stroll, outros pilotos. Tem uma torcida muito diversificada por aqui. Tem diferença: quando passa o carro do Lewis o pessoal grita, faz festa, comemora. Quando passa o carro do Max o pessoal vaia, faz alguns gestos que... Mas o pessoal tem bastante respeito; brinca, tira sarro, fala umas coisas. Mas respeita - disse Allan Thomaz Prado, de Praia Grande (SP), que frequenta Interlagos há 24 anos.
Outros "gringos" e as mudanças na torcida
Pela rivalidade histórica com Ayrton Senna, Alain Prost não despertou muito carinho nos torcedores ouvidos pela reportagem. Em um cenário pré-Hamilton, alguns apontaram Michael Schumacher, segundo maior vencedor na pista de Interlagos, como "gringo" favorito. Os mais velhos, entretanto, sempre relembram a rivalidade com Rubens Barrichello.
Os amigos Pedro Luis e Claudio acompanham a F1 há décadas, desde quando a categoria passou por Jacarepaguá (Rio de Janeiro), na década de 1980, antes do retorno a Interlagos (1990). A dupla relembra uma presença ainda maior de torcedores sul-americanos durante a carreira do colombiano Juan Pablo Montoya, que correu entre 2001 e 2006.
A F1 2023 segue para o GP de São Paulo neste domingo, 5 de novembro, às 14h (horário de Brasília)
Fonte;ge.globo
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