Heptacampeão também revelou que, há alguns anos, temporadas extensas da F1 minaram desejo seguir competindo até os 40; de contrato renovado até 2025, porém, piloto reforçou amor pelo esporte atualmente
Entre altos e baixos, a lealdade de Lewis Hamilton à Mercedes foi confirmada em agosto com a extensão de seu vínculo de uma década com o time, agora indo até 2025. Seu próximo contrato terminará quando ele tiver 40 anos - uma carreira longeva que o próprio Hamilton nunca pensou em ter. Seu amor pela F1, entretanto, já esteve em cheque pela cobrança que o cerca no esporte.
- Você é observado todo o tempo e eu estou numa fase da minha vida em que eu não tenho como vencer. Se eu ganho uma corrida, é tipo: "Ah, ele é um heptacampeão mundial, tem 103 vitórias". E se eu não me saio bem, há críticas. Só tenho o que perder nesta fase da vida. Então com certeza houve um período em que eu me perguntei se gostaria de continuar passando por isso. Mas eu ainda amo correr, amo estar no carro. Quando ele é ligado e todas aquelas pessoas estão ao meu redor, a equipe, estou sorrindo como no primeiro dia em que eu pilotei - disse o britânico, à "BBC".
Foto: Jakub Porzycki/NurPhoto via Getty Images
A renovação do veterano de 38 anos, porém, antecedeu uma série de rumores sobre seu futuro na F1, reforçados pela má fase da equipe alemã em 2023. E se a decisão de continuar foi motivada pelo desejo de buscar seu oitavo título, voltar a vencer com a Mercedes e promover mudanças importantes na categoria, o Hamilton de cinco anos atrás provavelmente tomaria outra decisão:
- Naquela época, eu com certeza não imaginava que continuaria correndo. São temporadas absurdamente longas. Muito tempo longe de todos, e eu já tenho feito isso há 16 anos, é exaustivo. Há muito brilho e glamour e coisas boas, mas de jeito nenhum é fácil continuar no seu auge, compromissado, manter os treinos, seguir entregando resultados. É muita pressão.
Na entrevista, o britânico ainda se abriu sobre como a fase difícil na Mercedes dos últimos dois anos, nos quais ele não venceu, afetou sua autoconfiança.
- Quando você tem temporadas difíceis como essa, sempre há momentos emm que se pergunta: "Sou eu, ou o carro? Eu ainda tenho aquela coisa? Ou perdi isso?". Quando a mágica acontece, tudo funciona, o carro e você, é extraordinário. É isso que você busca. Eu sou apenas humano. Se qualquer um diz que não pensa essas coisas, está em negação. Somos todos humanos - confessou.
Seu último triunfo foi no GP da Arábia Saudita em dezembro de 2021, quando empatou com o então líder Max Verstappen e teve a chance de virar o jogo pelo octacampeonato - adiado com o triunfo do holandês numa prova cercada de polêmicas, incluindo o não cumprimento do regulamento pelo então diretor de provas Michael Masi.
A Mercedes não vence há um ano, desde o triunfo de George Russell no GP de São Paulo de 2022 no Brasil. O jovem piloto fechou o último ano na quarta colocação do campeonato, com 275 pontos contra 240 de Hamilton, sexto lugar. Em 2023, porém, Hamilton ficou em terceiro, com uma pole e seis pódios enquanto seu companheiro, em oitavo lugar, conquistou dois top 3.
- A maior parte do meu desempenho nas corridas foi realmente boa. Estou feliz com isso, voltar ao nível em que eu deveria estar. A classificação, porém, é uma área em que precisamos melhorar. A equipe teve dificuldade em extrair performance dos pneus; você pode ver que sempre tinha um fim de semana em que George (Russell) se saía muito mal e eu estava bem, e aí as coisas se invertiam. Isso é por detalhes pequenos no carro - explicou Hamilton.
A equipe busca respostas para seu carro desde 2022, ano marcado por problemas com os saltos (porpoising e bouncing), efeito colateral da aerodinâmica do assoalho. Hamilton revelou que seus conselhos não foram ouvidos no desenvolvimento do W14; sem avançar e limitada pelo teto de gastos, a octacampeã de construtores admitiu, em julho, que focaria seus esforços no carro de 2024.
- Pedi por mudanças que não foram feitas. Ninguém sabia exatamente qual era o problema, ou como consertá-lo. Mas eu consegui permanecer positivo a maior parte do ano. Só que não tínhamos uma referência no começo da temporada, foi como andar em zig zag tentando descobrir onde devíamos estar. Acredito que temos essa referência agora, o que não tivemos por dois anos. Entendemos o carro melhor agora, então fico esperançoso, naturalmente. Mas não vou ficar ansioso - recapitulou Lewis.
A F1 retorna em 2 de março de 2024 no que será a 17ª temporada da carreira de Hamilton. Hoje, o heptacampeão é o segundo piloto mais experiente da categoria, atrás apenas de Fernando Alonso, com 41.
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