Entidade vai obrigar as 211 filiadas a incluir penas contra atos racistas em seus códigos disciplinares
A Fifa vai passar a castigar o racismo no futebol com punições esportivas. Nesta quinta-feira, a entidade afirmou que vai obrigar suas 211 filiadas a incluírem, em seus códigos disciplinares, artigos específicos para enquadrar crimes de racismo com "sanções próprias e severas", incluindo o encerramento do jogo – com derrota do time que estiver associado ao ato racista.
O segundo ponto do plano anunciado pela Fifa é a criação de um gesto específico – os dois braços cruzados na altura dos punhos, com as mãos estendidas e os dedos esticados – a ser feito pelos jogadores para avisar árbitros sobre insultos racistas.
— Foto: Angelika Warmuth/Reuters
O mesmo gesto deve ser feito pelos árbitros, seguindo a lógica de como fazem o quadrado no ar com os dedos para indicar o uso do VAR. O intuito é informar ao público que vai ter início o protocolo de três passos, também obrigatório a partir de agora para as 211 associações nacionais de futebol.
O protocolo de três passos funciona da seguinte maneira:
O árbitro deve parar e pedir um anúncio (ao sistema de som e/ou telão) exigindo o fim do comportamento racista;
Caso os atos continuem, o árbitro pode suspender a partida temporariamente, com a saída dos times de campo e um novo anúncio de advertência
Finalmente, se o comportamento ainda persistir, o árbitro pode determinar o fim da partida, com derrota do time associado aos atos racistas
A Fifa também anunciou que vai lutar para que o racismo seja reconhecido como crime em todos os países, "com punições severas". A entidade não tem poderes para alterar a legislação de nenhum de país, mas deixou evidente que vai pressionar politicamente para que isso aconteça.
Um Painel Antirracista formado por jogadores e ex-jogadores será criado para aconselhar e acompanhar a implementação desse plano nas 211 associações nacionais de futebol. A Fifa também afirmou que vai criar um programa específico de educação – "afinal nenhuma criança nasce racista".
Esse plano foi apresentado pelo presidente da Fifa, Gianni Infantino, ao Conselho da entidade numa reunião realizada nesta quarta-feira. E aprovado de maneira unânime pelos 36 integrantes dessa instância. Nesta sexta-feira, o plano será aprovado pelo Congresso — do qual participam as 211 associações filiadas.
- A decisão da Fifa é histórica e mostra a coragem do presidente Infantino e das 211 federações em lutar contra o racismo no futebol e no mundo. O Brasil foi pioneiro ao desafiar os racistas, a CBF foi a primeira confederação nacional a adotar punição esportiva. Quando entrei no Conselho da Fifa, anunciei que a luta contra o racismo seria uma das minhas bandeiras na entidade. Por isso, minha satisfação é ainda maior. O racismo é um crime que atinge a alma e não há mais espaço para racistas no futebol - comentou o presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ednaldo Rodrigues.
Participação de Vini
Em carta enviada às 211 associações nacionais de futebol para informá-las do plano de combate ao racismo, o secretário-geral da Fifa, Mattias Grafstrom, informa que, nos últimos meses, houve um "extenso processo de consulta com jogadores e ex-jogadores, homens e mulheres, do mundo todo", e que suas "opiniões e contribuições resultaram numa proposta de ação consolidada".
Um dos jogadores com quem dirigentes da Fifa mais conversaram foi com Vini Jr., do Real Madrid e da seleção brasileira, que se transformou num símbolo da luta antirracista. Em junho do ano passado, enquanto estava com a Seleção, Vini Jr recebeu uma visita de Infantino.
Fonte;ge.globo
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