Verdão teve período de instabilidade com eliminação na Copa do Brasil e sequência de atuações ruins; contra o Galo, time consolidou recuperação de pilares e do bom futebol
O Palmeiras passou um momento de turbulência entre o fim de junho e boa parte do mês de julho. Em um espaço de oito jogos, o Verdão conquistou apenas uma vitória, foi eliminado da Copa do Brasil e viu o rendimento dos seus principais jogadores despencar.
O que parecia indicar o início de uma crise técnica se transformou em uma retomada da confiança com as três vitórias seguidas, a última delas contra o Atlético-MG, fora de casa, pelas oitavas de final da Conmebol Libertadores. Venceu também Fortaleza e América-MG, pelo Brasileirão.
— Foto: César Greco
A última vez que o Verdão havia vencido três jogos seguidos foi no início de junho, quando derrotou Coritiba e São Paulo, ambos pelo Brasileirão, e o Barcelona-EQU pela Libertadores. A "crise" palmeirense é muito diferente da que outros clubes vivenciam, mas Abel Ferreira conseguiu estancar a desconfiança em meio aos protestos dos torcedores pela falta de reforços.
Abaixo, o ge elenca cinco pontos que foram cruciais para a retomada da confiança, do bom futebol e do Palmeiras que o torcedor se acostumou a ver nos últimos anos.
Base multicampeã
Mais do que a falta de resultados, o rendimento abaixo do normal vinha preocupando Abel Ferreira e os torcedores do Palmeiras. Sem o mesmo controle e protagonismo de pouco tempo atrás, o Verdão era presa fácil para os rivais e vinha fazendo jogos tecnicamente ruins.
No período de oscilação, o Verdão empatou três e foi derrotado em outras quatro partidas, número alto para um time que perdeu apenas sete vezes ao longo da temporada.
O alerta de Abel Ferreira era para a recuperação física dos principais jogadores. Evitando pedir a chegada de reforços, o treinador fez questão de priorizar o resgate dos seus principais pilares nos últimos anos.
– Vamos recuperar as bases, as forças que ganhamos no primeiro, segundo, terceiro e quarto, mas vamos voltar a ganhar. É assim que os campeões precisam lidar, temos que saber que precisamos aguentar, suportar e depois voltarmos mais fortes. É isso que temos que fazer – disse Abel após a vitória contra o Fortaleza, a primeira da sequência positiva.
E foi a partir da recuperação física dos principais jogadores que o Palmeiras foi aos poucos retomando o padrão até a exibição de gala contra o Atlético-MG, na última quarta-feira.
Defesa sólida
E o resgate da base multicampeã passa pela solidez defensiva que foi a marca do Palmeiras na temporada passada. Com Gustavo Gómez e Murilo, o time reencontrou o equilíbrio que também ajuda o ataque a funcionar.
Nos últimos três jogos, foram apenas dois gols sofridos e oito marcados. A única mudança na linha defensiva do Palmeiras foi Marcos Rocha, que deu lugar a Mayke na lateral direita.
O Palmeiras sofreu defensivamente no início da temporada também pela adaptação de Zé Rafael na função de primeiro volante após a saída de Danilo. Com Gabriel Menino atuando como oito e uma pegada de marcação menor, o time ficou mais fragilizado. Aos poucos, tem achado a melhor forma de atuar e recuperar o bom desempenho do setor.
Protagonismo de Veiga
Com 26 participações diretas para gol em 2023, Raphael Veiga tem recuperado o papel de protagonista do Palmeiras após um período de instabilidade, assim como o restante do time. O meia ficou 12 jogos sem marcar e com atuações abaixo do seu padrão.
Nos últimos três jogos, foram dois gols e uma assistência. O camisa 23 oscilou justamente após ser convocado para a seleção brasileira e passar um período treinando fora do clube durante a Data Fifa.
A retomada do auge físico do meia é o ponto-chave que ajuda a explicar a recuperação do Palmeiras nos últimos jogos. Raphael Veiga foi o autor do gol da vitória contra o Atlético-MG no Mineirão e principal articulador de um primeiro tempo de amplo domínio palmeirense.
Blindagem de Abel
A volta da confiança dos jogadores do Palmeiras pode ser representada pela proteção de Abel Ferreira ao elenco na pior fase do time na temporada. Além do silêncio imposto pelo clube em virtude de divergência com a Comissão de Arbitragem da CBF, o técnico também fez questão de dar respaldo no momento em que os torcedores reivindicavam a chegada de reforços.
– Os nossos reforços estão aqui, quero recuperar a base, os jogadores que ganharam na primeira, segunda, terceira e quarta temporada que estou aqui. E que a minha mãe não ouça que estou aqui há quatro anos.
E isso foi crucial em um momento no qual vários jogadores, além do próprio Abel Ferreira, receberam ofertas tentadoras de clubes do exterior. O papel de gestor do português teve que entrar em ação para contornar um momento de ruído externo e resultados ruins dentro de campo.
– Tivemos baixas de rendimento de muitos jogadores ao mesmo tempo, algumas pela parte física e outros como o seu colega falou, acredito que não seja fácil ter tantas ofertar e o empresário te ligar sempre, isso deve mexer com a cabeça deles. Mexeu comigo, mas foi apenas por uma noite – disse Abel, em forma de recado durante entrevista coletiva recente.
Foco na Libertadores
A eliminação na Copa do Brasil e a vantagem conquistada pelo Botafogo no Brasileirão durante o período de instabilidade do Palmeiras na temporada acabaram focando os planos do Palmeiras na Conmebol Libertadores.
É claro que o Verdão segue com chances de título no Campeonato Brasileiro, mas a distância e o bom futebol praticado pelo time carioca distanciam a possibilidade de mais uma conquista palmeirense no ano.
Campeão da Supercopa do Brasil e do Paulistão, o Palmeiras enxerga na Libertadores a possibilidade de conquistar o nono título sob o comando de Abel Ferreira em quase três anos de trabalho.
Fonte;ge.globo
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