Argelina dá show nas barras assimétricas, chora e conquista o ouro em Paris
Kaylia Nemour, de 17 anos, é a primeira atleta representando a África a ganhar medalha na ginástica artística
A franco-argelina Kaylia Nemour, de 17 anos, deu show na apresentação na final das barras assimétricas na Arena Bercy, neste domingo (4), e conquistou a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Paris 2024. É a primeira atleta africana a subir no pódio da ginástica artística em Olimpíadas. Não houve brasileiras nessa disputa.
A ginasta adolescente teve uma apresentação que a fez chorar já na saída do aparelho. Na nota, os juízes deram 15.700 - uma nota ainda maior do que o 15.600 obtida pela franco-argelina nas classificatórias. Ela obteve 7.200 de dificuldade e 8.500 de execução.
Foto: Naomi Baker/Getty Images
Kaylia se apresentou na sequência de uma performance também empolgante da chinesa Qiyuan Qiu, que igualmente se emocionou na saída do aparelho e tirou a nota 15.500, sendo 7.200 de dificuldade e 8.300 de execução. Ela pegou a medalha de prata.
Ginástica artística: Qiyuan Qiu (CHN) soma 15.500 e conquista a prata nas barras assimétricas
Kaylia Nemour chora depois de apresentação nas barras assimétricas da ginástica artística dos Jogos Olímpicos de Paris 2024
Na última apresentação da decisão, com oito finalistas, a norte-americana Sunisa Lee tirou 14.800 e conseguiu beliscar a medalha de bronze.
Ginástica artística: Sunisa Lee (EUA) soma 14.800 e fica com o bronze nas barras assimétricas
Confira as notas da final das barras assimétricas nas Olimpíadas de Paris:
Medalha histórica
Kaylia nasceu em Sainy-Benoît-la-Forêt, cidade a 280km de Paris, filha de mãe francesa, Stephanie, e de pai imigrante argelino, Jamel. Começou na ginástica aos 4 anos e, desde cedo, foi apontada como promessa francesa para os Jogos de Paris, destaque das categorias de base do país.
Em 2021, Kalyia passou por uma cirurgia nos dois joelhos para tratar uma osteocrondrite severa, uma inflamação que afeta ossos e cartilagens, provocando dores e limitações de movimentos. Em março de 2022, a ginasta recebeu autorização de seu médico para retornar ao esporte. No entanto, a equipe médica da Federação Francesa de Ginástica vetou esse retorno naquele momento e exigia que ela se juntasse à equipe nacional para treinar em Paris. Kalyia optou por continuar no seu clube, Avoine Beaumont, rompendo com os dirigentes franceses.
Em julho de 2022, a Federação Internacional de Ginástica (FIG) aprovou a mudança de nacionalidade de Kaylia. A Federação Francesa, porém, não liberou a troca de país. Sem o acordo, a ginasta teve que esperar um ano para passar a defender a Argélia, seguindo as regras da FIG para mudanças de nacionalidade. Com isso, perdeu o primeiro ano na categoria adulta.
Kaylia se apresenta em todos os aparelhos, mas se destaca nas barras assimétricas. Com uma série de muita dificuldade, ligando muitos elementos. Em sua temporada de estreia, em 2023, foi vice-campeã mundial, atrás apenas da chinesa Qiu Qiyuan. Foi a primeira medalha de um país africano em Mundiais de ginástica artística.
Com apenas 16 anos, Kaylia batizou um movimento original no código de pontuação. O Nemour é um giro nas barras na posição carpada seguido de um voo por cima da barra na posição esticada.
Fonte;ge.globo
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