Equipe finaliza 20 vezes e sofre muito pouco contra Gana, nos 3 a 0 em Le Havre. Recuado, mas nem tanto, Lucas Paquetá é quem mais desarma e comete faltas pela seleção brasileira
Tite já foi chamado de "empatite", muitas vezes é rotulado como conservador e, por alguns, também de retranqueiro. Em fase mais descontraída às vésperas da segunda Copa do Mundo na carreira, o técnico dispensa rótulos, mas não deixa de reforçar seu mantra no futebol: equilíbrio.
Esta é a palavra que o treinador mais usou nos últimos dias desde que abriu os treinos na França com formação que pode ser considerada a mais ofensiva nos seus mais de seis anos de seleção brasileira. Ele queria avaliar a alternativa com time mais criativo, mais leve e também poderoso no ataque sem que sua equipe se tornasse vulnerável defensivamente.

— Foto: Lucas Figueiredo
O treinador costuma dizer que uma das primeiras coisas que presta atenção em equipes rivais é o saldo de gols - por sinal, o Brasil que venceu Gana por 3 a 0, por sinal, chegou aos 135 gols de saldo em 75 partidas, com 56 vitórias. O desafio é evitar a síndrome do cobertor curto - ou seja, com mais atacantes e jogadores do meio para frente não deixar o sistema defensivo mais frágil.
Para isso, a formação com Vini Jr. pela esquerda, Raphinha pela direita e Neymar, Richarlison e Lucas Paquetá pelo meio ia precisar de adaptações. Como disse Neymar, do sacrifício de todos. E Paquetá foi a imagem do equilíbrio contra Gana. Ele foi quem mais desarmou e cometeu faltas pela Seleção - quatro em cada índice.
Com sistema bem definido no ataque, a Seleção não foi estática em campo. Neymar, jogador com maior liberdade tática na Seleção, caiu na esquerda em alguns momentos para trabalhar jogadas com Vini Jr. e Paquetá fez ótimas tramas pela direita - como na primeira finalização da partida de Richarlison, em bola recuada pelo novo meia do West Ham.
Foram 17 dribles na partida da Seleção. Foi uma equipe que divertiu a torcida, um tanto quanto fria na noite chuvosa de Le Havre. Do estádio, o que mais se ouviam eram crianças gritando por Neymar e ensaiando "Brésil, Brésil, Brésil".
Com 25 toques em 1 minuto e 13 segundos, Seleção constrói o segundo gol contra Gana

Dupla de zaga não erra um passe
O Brasil finalizou 20 vezes contra o gol de Gana - sete delas na direção do gol. Mais da metade delas com seu quinteto ofensivo - três para Raphinha, Neymar e Richarlison, duas de Paquetá e mais uma com Vinicius Junior.
No início da partida, Gana não conseguia encontrar os jogadores de ataque da Seleção. Foram três gols no primeiro tempo, mas poderiam ter saído mais - fora dois lances de Paquetá em passes de Neymar e o chute por cima de Richarlison, Vini Jr. acertou linda trivela para Raphinha, que perdeu.
A dois meses da Copa, é exercício de adivinhação dizer se este esquema do jogo - e estes jogadores do quinteto ofensivo - dessa sexta vai entrar em campo no dia 24 de novembro para enfrentar a Sérvia, de poder ofensivo respeitável com o artilheiro Vlahovic e o atacante Mitrovic. Tite admitiu após a partida que pensa em variar as escalações de acordo com o adversário. A ideia é ajustar uma variação que pode ser necessária para jogos empatados ou com necessidade de virar a partida.
Ela funcionou muito bem com apoio de Alex Telles, sempre à procura de Neymar entre os defensores e meias de Gana, e também com Éder Militão, que voltou a jogar na lateral direita e se buscou pouco o ataque - posicionamento pedido pelo treinador -, mostrou segurança para controlar as ações de Gana pelo seu lado. Na segunda etapa, ainda saiu de trás com caneta contra o atacante rival.
Na defesa, Thiago Silva completou 108 jogos com a camisa da Seleção e saiu de campo sem errar nenhum passe entre os 36 da primeira etapa. Marquinhos, que jogou os 90 minutos e fez seu quinto gol com a camisa da Seleção, acertou também todos os 84 efetuados na partida.
Contra a Tunísia, Tite deve experimentar outra variação, com Fred de volta ao time e Danilo na lateral direita. A ideia do treinador é estabelecer mais de uma forma de jogo para buscar entrosamento e mecânica de movimentos, não importa quem esteja em campo.

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