"Leoa" vê derrota para Peña na primeira luta como virada de chave para momento que vive, com sua própria academia, motivada e novamente dona de dois cinturões: "Tive que fazer mudanças para ficar bem"
Amanda Nunes vive uma fase de bem-estar que teve seu início justamente em um momento de adversidade. Às vésperas de enfrentar Irene Aldana na luta principal do UFC 289, no sábado, em Vancouver, pela disputa do cinturão peso-galo (até 61,2 kg), a brasileira contou ao Combate que a derrota para Julianna Peña na primeira luta foi o ponto de virada para chegar ao bom momento que vem vivendo.
Após o revés em 2021, a brasileira deixou a American Top Team (ATT). Foi assim que Amanda abriu sua própria academia, o que ela classifica como uma das melhores coisas que aconteceram em sua vida - mas ainda assim grata a todos que passaram em seu caminho anteriormente. Depois disso, a "Leoa" reconquistou seu cinturão dos galos na revanche com Peña, no ano passado, e agora parte motivada para mais uma defesa de título.
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- Preciso treinar bem para lutar bem. Na primeira luta (com Julianna Peña), não treinei bem. Eu não lutei bem, é nítido, então tive que fazer minhas mudanças para ficar bem, ficar feliz, me motivar, sair da minha zona de conforto, evoluir, ser mais independente, mais dona de mim - disse Amanda ao Combate.
O clima mais leve também invadiu a atmosfera da luta desde que o trash talk de Peña foi substituído pela reverência de Aldana à história de Amanda no MMA. A brasileira afirmou que a mudança trouxe uma maior grandeza ao confronto, mas destacou que é preciso focar em fazer um grande duelo dentro do cage.
- Eu não posso dormir nessa luta. É uma luta perigosa, é esse tipo de luta que gosto de lutar, é uma luta que me tira da minha zona de conforto. É assim que a Leoa consegue agarrar a presa. São lutas que realmente trazem aquele instinto de Leoa, e essa é uma luta que me traz esse instinto de Leoa. Tenho que ser precisa, tem que ser rápida, tenho que fazê-la errar muito, cortar os ângulos, responder. Está tudo afiado, (estou) pronta para guerra.
Com diversos recordes batidos por Amanda Nunes no MMA, uma possível vitória sobre Irene Aldana levanta o questionamento de uma possível aposentadoria por já ter conquistado tudo no esporte e, ao mesmo tempo, ter poucas adversárias capazes de batê-la. A campeã do peso-galo e do peso-pena tem dificuldades de imaginar sua vida sem a dinâmica da luta, mas declarou que o momento do adeus não pode ser cravado: vai depender do que sentir depois de cada confronto.
- Honestamente, é muito difícil falar em aposentadoria e tudo. Um tempo atrás eu posso até ter falado, mas eu não sei. É muito complicado falar, porque eu respiro competição, eu respiro o camp. Minha mente, eu preciso entrar em uma zona que só eu sei para viver, eu preciso sentir o que eu sinto para poder sobreviver. São muitas coisas que envolve. É uma vida dedicada a isso, todas as escolhas que fiz para me tornar quem sou hoje, então é muita coisa que tem que pensar. Tenho que sentir as coisas, entendeu? Não posso falar, tenho que sentir. Deixo a vida me levar, deixo que minha vida fique em aberto para essas decisões. Depende do que eu sentir depois de cada luta, entendeu? Então, eu deixo sempre em aberto isso, que vai do momento do que eu estou sentindo - declarou.
A academia de Amanda, inclusive, virou abrigo para as conquistas da "Leoa". A cada passo dado em sua "segunda casa", a brasileira revisita cada gota de suor que a fez escrever seu nome na história do MMA.
- É gratificante entrar todos os dias na academia, porque não é só uma academia, é um santuário. É a minha segunda casa. Vou para lá, depois do treino relaxo ali mesmo. A Nina às vezes pergunta: "Não vem para casa, não? (risos). A academia também me deixou mais madura, eu determino meus horários e o que quero treinar, qual estratégia montar, a hora de recuperar. Eu realmente tomo conta de mim agora. Sou grata por todos que passaram na minha vida, mas às vezes você precisa mudanças. Precisava de algo que nunca tinha feito, sair da zona de conforto e evoluir como pessoa. Senão, não ia valer a pena para mim - finalizou.
Fonte;ge.globo
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